1-Por que o senhor demorou tanto tempo para lançar um disco?
_ Eu comecei a fazer essas músicas há uns dez anos. Durante esse tempo, mostrei para vários cantores e produtores. Quando vi que eles não iam ter coragem de gravar esse repertório, entendi que ia sobrar pra mim. Ai um dia eu ouvi a Preta Gil no rádio, tomei coragem e agora o disco tá aí.
2- Mas em 2005 um samba seu já tinha sido gravado pela dupla Alfredo Del-Penho e Pedro Paulo Malta, não é mesmo?
_ Esses dois cantores são muito bons. Ainda são um pouco tolinhos mas cantam muito bem, tanto é que eles participam do meu disco cantando “Casal perfeito”. Eles já tinham incluído o “Baranga das dez, broto das duas” no CD Cachaça dá Samba. Mas antes disso, em 1999, o Nadinho da Ilha já tinha gravado o “Piquenique a beira-mar”.
3-Você se acha um sambista diferente?
_ Me acho sim. Nos últimos trinta anos não surgiu nenhum sambista que não seja, ou afilhado da Beth Carvalho ou parceiro do Paulo César Pinheiro. Só eu mesmo!
4-Por que o titulo “A voz do botequim”?
_ Porque meu objetivo é dar voz àqueles que não tem voz, mesmo que seja por rouquidão alcoólica ou tabagismo renitente. Só no botequim você ouve o mundo de verdade, diferente da fábula politicamente correta que passa na televisão e no rádio.
5-No seu disco existe uma mensagem política bem forte. O senhor já pensou em entrar na política?
_ De jeito nenhum! O Canalha na política seria apenas mais um. Passaria até desapercebido.
6-Tem algum samba auto-biográfico no repertório?
_ As histórias dos sambas são misturas de histórias ouvidas no boteco, algumas contadas por grandes mentirosos. Portanto, nada é 100% real.
7-Por que o senhor incluiu um samba de Noel Rosa, o único no disco que não é de sua autoria?
_ Essa música do Noel - Mulher indigesta - foi feita em 1932 e acho que ninguém tinha regravado até hoje. Eu admiro outros cultores do samba politicamente incorreto como Miguel Gustavo, Billy Blanco e Aldir Blanc, mas nesse primeiro disco quis homenagear só o Noel.
8- E o samba “Malas madrinhas”, de onde surgiu a idéia?
_ O mundo do samba é cheio de madrinhas. É madrinha de bateria, de ala, de bloco, madrinha que não acaba mais. Quando chega um mês antes do Carnaval elas tomam conta do noticiário. Foi numa época dessas que resolvi homenagear essas malas.
9-O produtor Henrique Cazes é um músico sério, pesquisador do choro, instrumentista estudioso. Como você o convenceu a produzir o disco?
_ A idéia na verdade foi dele. Hoje em dia a gente tem se visto pouco pois ele tem trabalhado muito e não aparece mais no botequim. Mas sempre me liga e me incentiva a continuar fazendo música. É um boa praça. Estuda cavaquinho pra cacete, trabalha muito e ganha pouco, mas está sempre de bom humor.
10-E quais são seus projetos para o futuro?
_ Estou preparando os sambas de um segundo CD que vai se chamar ”Pisciricultura” e comecei no meio do ano a escrever o meu primeiro livro intitulado “Você é quem você come”.
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