segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Marchinha politicamente incorreta não tem vez

Olá amigos leitores, na última semana me inscrevi, mais uma vez, no Concurso de Marchinhas da Fundição Progresso, vocês conhecem?

Esta é a terceira vez que tento, mas vou confessar que está difícil. Esse povo é muito politicamente correto e não gosta de ouvir algumas verdades!!! Mas eu sou brasileiro e não desisto nunca!!!

Este ano, a minha marchinha concorrente é a "Toda hora tá mudando", que fala sobre a gordura trans que sumiu do mercado e do boteco, e foi parar na bunda de traveco. O negócio tá tão bom, que até saiu nota na coluna do Joaquim Ferreira dos Santos, no Globo. (a marcha será postada aqui, com exclusividade, Aguardem!!!)

Vejam se a minha concorrente do ano passado não merecia um lugar de destaque no concurso:

Pra onde vai o patrocínio?
Letra e música de Jota Canalha

Não adianta fazer tudo
Fazer tudo direitinho
Nem matar leão a tapa todo dia
Na hora H, pra onde vai o patrocínio?
Acompanhe o raciocínio
Pro instituto da titia
E quando é verba
Bem polpuda de estatal
Titia bota seu sobrinho no edital
Depois se vê o garotão de carro zero
Uma moleza feito essa
Eu também quero
Mesmo depois
Se dá problema a auditoria
Nada perturba a boa fase da titia
Se justifica: o orçamento é bem enxuto
O dinheiro é pro instituto
O dinheiro é pro instituto


Gostou? Então mande um e-mail para organização do concurso ( carnaval@fundicao.org) e proteste!

Marchinha politicamente incorreta tem que ter vez sim!!!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Show no Espaço Rio Carioca

Amigos leitores, farei show, quinta-feira, às 21h30, no Espaço Rio Carioca, em Laranjeiras. (Rua Leite Leal, 40)




Aguardo vocês lá!

Um beijo na bunda,

Jota Canalha

Obs: Nomes na lista para o e-mail: vivi.drumond@gmail.com

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Dez perguntas para o Jota Canalha

1-Por que o senhor demorou tanto tempo para lançar um disco?

_ Eu comecei a fazer essas músicas há uns dez anos. Durante esse tempo, mostrei para vários cantores e produtores. Quando vi que eles não iam ter coragem de gravar esse repertório, entendi que ia sobrar pra mim. Ai um dia eu ouvi a Preta Gil no rádio, tomei coragem e agora o disco tá aí.

2- Mas em 2005 um samba seu já tinha sido gravado pela dupla Alfredo Del-Penho e Pedro Paulo Malta, não é mesmo?

_ Esses dois cantores são muito bons. Ainda são um pouco tolinhos mas cantam muito bem, tanto é que eles participam do meu disco cantando “Casal perfeito”. Eles já tinham incluído o “Baranga das dez, broto das duas” no CD Cachaça dá Samba. Mas antes disso, em 1999, o Nadinho da Ilha já tinha gravado o “Piquenique a beira-mar”.

3-Você se acha um sambista diferente?

_ Me acho sim. Nos últimos trinta anos não surgiu nenhum sambista que não seja, ou afilhado da Beth Carvalho ou parceiro do Paulo César Pinheiro. Só eu mesmo!

4-Por que o titulo “A voz do botequim”?

_ Porque meu objetivo é dar voz àqueles que não tem voz, mesmo que seja por rouquidão alcoólica ou tabagismo renitente. Só no botequim você ouve o mundo de verdade, diferente da fábula politicamente correta que passa na televisão e no rádio.

5-No seu disco existe uma mensagem política bem forte. O senhor já pensou em entrar na política?

_ De jeito nenhum! O Canalha na política seria apenas mais um. Passaria até desapercebido.

6-Tem algum samba auto-biográfico no repertório?

_ As histórias dos sambas são misturas de histórias ouvidas no boteco, algumas contadas por grandes mentirosos. Portanto, nada é 100% real.

7-Por que o senhor incluiu um samba de Noel Rosa, o único no disco que não é de sua autoria?

_ Essa música do Noel - Mulher indigesta - foi feita em 1932 e acho que ninguém tinha regravado até hoje. Eu admiro outros cultores do samba politicamente incorreto como Miguel Gustavo, Billy Blanco e Aldir Blanc, mas nesse primeiro disco quis homenagear só o Noel.

8- E o samba “Malas madrinhas”, de onde surgiu a idéia?

_ O mundo do samba é cheio de madrinhas. É madrinha de bateria, de ala, de bloco, madrinha que não acaba mais. Quando chega um mês antes do Carnaval elas tomam conta do noticiário. Foi numa época dessas que resolvi homenagear essas malas.

9-O produtor Henrique Cazes é um músico sério, pesquisador do choro, instrumentista estudioso. Como você o convenceu a produzir o disco?

_ A idéia na verdade foi dele. Hoje em dia a gente tem se visto pouco pois ele tem trabalhado muito e não aparece mais no botequim. Mas sempre me liga e me incentiva a continuar fazendo música. É um boa praça. Estuda cavaquinho pra cacete, trabalha muito e ganha pouco, mas está sempre de bom humor.

10-E quais são seus projetos para o futuro?

_ Estou preparando os sambas de um segundo CD que vai se chamar ”Pisciricultura” e comecei no meio do ano a escrever o meu primeiro livro intitulado “Você é quem você come”.

Promoção: Seja um parceiro do Jota Canalha

Mande sua crônica de botequim para o e-mail avozdobotequim@gmail.com e concorra a ingressos duplos para o show "A Voz do Botequim", dia 22, no Espaço Rio Carioca, em Laranjeiras (RJ).

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Conselhos do Canalha - Parte 1

Em minhas inumeras incursões pelos botecos cariocas, acabei tornando-me uma espécie de Oráculo das Tabernas, Conselheiro de Bebum... Consultor Amoroso das Donzelas da Madrugada. Meus conselhos e previsões atravessaram a cidade e minha fama ganhou estrada.

Hoje, recebo cartas de todos os lugares do Brasil em busca dos "Conselhos do Canalha". Mas... como a greve dos Correios virou uma coisa comum neste país, resolvi fazer deste espaço o democrático Consultório Terapêutico do Jota Canalha para Dicas e Orientações Online sobre Comportamento, Sexo e Estética.

Vamos a minha primeira consulta online:

- Querido Canalha, tenho 20 anos e estou pensando em fazer minha nona tatuagem. Isso pode prejudicar meu futuro com os homens?

Email enviado por Daiana de Vieira Fazenda, RJ

- Daiana, cuidado com isso! Vou te contar uma historinha verídica para que você tire suas próprias conclusões. Quando eu tinha menos que sua idade, frequentava uma praia perto de Mangaratiba e lá havia uma menina que aos 16 anos era o sucesso do lugar. Em um verão, ela apareceu com uma tatuagem, o que naquela época era raro. Tratava-se de um beija flor bicando uma florzinha. Tatuagem pequena e bem mimosa. Foi o maior sucesso. Passaram-se 15 anos, voltei na mesma praia e foi duro de ver: o beija for parecia uma galinha da angola, com pintinhas brancas e tudo, e a florzinha tinha virado uma couve flor. Juízo Daiana!

Se você, caro amigo que não tem o que fazer, também precisa de um bom conselho envie um e-mail para o Consultório Terapêutico do Jota Canalha para Dicas e Orientações Online sobre Comportamento, Sexo e Estética. O endereço eletrônico é: jotacanalha@terra.com.br
Um beijo na bunda,
Jota Canalha.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Um alter-ego politicamente incorreto

Conheci o Jota em 1994, quando fomos vizinhos em um apart hotel para duros, ou, como dizia a telefonista local, um "frete". Eu tinha ido morar naquele moquifo devido a dificuldades financeiras decorrentes de uma separação. Mas Jota estava em seu habitat natural. Foi um ombro amigo em uma hora difícil. Me deu conselhos sobre o melhor inseticida para matar as francesinhas e dicas de como evitar desastres amorosos.

Um dia, em 1998, ele me ligou e disse que tinha feito um samba. Quando fui encontrá-lo, na semana seguinte, já eram dois e bem interessantes. A cada encontro, ele me mostrava uma idéia nova. Até que, um dia, eu falei que era hora de fazermos um disco.

Finalmente, em novembro de 2007, o Canalha me contou que havia recebido uma indenização trabalhista e que agora tínhamos dinheiro para produzir seu primeiro disco. Achei a história estranha, pois sua maior fonte de renda sempre foram os 50% que cobra adiantado por serviços de despachante, que nunca realiza.

Diante da cifra modesta, balancei a cabeça, duvidando da viabilidade da produção. Aí, mais uma vez, o Jota me surpreendeu. Tirou do bolso uma lista de músicos e disse que, com aqueles ali, dava pra fazer o disco. Começei a ler:

-violão: Mário
-cavaquinho: Orfeu

Pelo canto do olho, pude ver o risinho do meu compadre…

-percussão: Sunda, Locha e Birunda.

Sem perguntar mais nada, guardei o papel no bolso e aceitei a encomenda. Mas, na hora H, resolvi chamar a turma que entende do riscado para caprichar no disco do Jota.

Assim, fomos vestindo caprichosamente sambas de breque, sincopado, partido alto, samba-choro e dolente, numa diversidade musical que acompanha a variedade de temas. A crônica do boteco e do mundo do samba, a diversão das classes populares, a picaretagem das ONGs, a vida conjugal em seus vários aspectos, a transformação estética das mulheres quando bebemos. Tudo tratado com humor politicamente incorreto e delicioso.


No repertório, não poderia faltar Noel Rosa, ídolo maior do Canalha. O samba Mulher indigesta (1932) ganhou um versinho extra, homenageando as mulheres encrenqueiras dos sambistas de hoje em dia.

Agora, o oráculo das tabernas cariocas, Jota Canalha, apresentará a você suas previsões politicamente incorretas. Seja bem vindo e divirta-se.

Henrique Cazes